Nem nos bosques amenos, nem os jogos e cantos, nem os lugares suavemente perfumados, nem os banquetes sumptuosos, nem os prazeres da alcova e do leito, nem, tão pouco, os livros e versos podiam desfarçar a armagura do amigo que havia perdido. Tudo me causava horror, até a própria luz.
Os meus olhos buscavam por toda a parte o amigo que a morte me levara, e o mundo não me devolvia. Cheguei a odiar todas as coisas, porque nada o continha, e ninguem mais podia me dizer como antes, ao chegar depois de uma ausencia: Ai vem ele!
A alma não me obedecia, e com razão, porque para mim, era mais real e melhor o amigo que perdera do que o fantasma que mandava que tivesse resignação.
O que mais me confortava e alegrava eram sobretudo as consolações de outros amigos, com os quais compartilhava o amor por aquilo que amva em teu lugar.
Ama-se de tal modo os amigos que a conciencia se julga culpada se não for capaz de amar aquele que ama, ou se procura retribuir o amor com amor, e apenas procura na pessoa do amigo o sinal exterior de sua benevolencia.
Santo Augostinho
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